Cultura

Por Keven Souza e Júlia Thais 

A moda é um documento que acompanha e registra a trajetória de um povo. Desempenha papéis importantes na sociedade. É por meio das indumentárias que realçamos significados que dizem quem somos e de onde viemos, sendo importante, ainda, expressarmos mediante ao que usamos. E na periferia essa premissa não é diferente! 

É por meio de origem, trajetória e estilo de vida que se evidencia a moda presente nas favelas da sociedade brasileira. O estilo periférico, como se nomeia as roupas vestidas por quem mora em uma área à margem da cidade, tipifica a vestimenta de quem vive ali e parte de um lugar singular e perene, da arte.

Esse estilo de roupa tende a valorizar narrativas e anseios de quem o veste, e, acima de tudo, dá palco para diversidade, acessibilidade e tamanha personalidade. O que o difere da alta moda e do universo fashion luxuoso. “O que é muito comum nas regiões periféricas é possuir algumas características que nos trazem a proximidade com o grupo ao qual estamos inseridos. O mais presente nas pessoas dessa região demográfica é o sentimento de pertencimento. Então, quando analisamos superficialmente, acreditamos que todas se vestem igual, mas na verdade elas criam suas próprias narrativas das suas vivências individuais e em grupos”, explica o stylist e fashion designer, Pedro Birra. 

Retrata, ainda, costumes e comportamentos de minorias e preenche, ao longo do tempo, lugar imprescindível na vida das pessoas do gueto. E é com esses pontos que o estilo está, também, presente no lugar mais alto da favela: na laje! 

A laje é símbolo que muito diz da força, dos laços e dos saberes dos moradores da favela. É um espaço onde se pode construir e reverberar costumes sociais, culturais e considerar ações pontuais no tempo ocioso.  E a partir daí surge o churrasco na laje. 

O churrasco na laje é uma forte tradição que se estabeleceu em todo o Brasil, especialmente em camadas mais pobres da sociedade, que caracteriza ideais e costumes dos moradores. Um evento que traz peças e estilos de roupas plurais que remetem a descontração, a alegria e o calor nesse momento de lazer. É o que afirma Pedro. “O churrasco na laje, assim como outros eventos presentes neste determinado grupo (moradores da periferia), é uma forma de diversão e para esse tipo de encontro a produção passa primeiro pelo conforto, então shorts, chinelos, são muito bem vindos”, diz. 

Pessoas no churrasco na laje. Foto: Jessi Goes.

Dito isso, listamos algumas peças comuns vistas no churrasco na laje. A primeira delas é a camisa de time de futebol. A periferia tende a valorizar a figura da celebridade do futebol, enxergando nesses indivíduos uma representatividade da comunidade, pelo simples fato do jogador de futebol ter nascido lá. 

Outra peça carimbada do estilo da periferia e no churrasco na laje é o short jeans. Não há uma peça que esteja mais presente na vida do brasileiro, do que os shorts jeans. Usado desde ocasiões mais informais, até em lugares que pedem algo mais elaborado.

Lado a lado ao short jeans, o chinelo Havaianas (que nem sempre é da Havaianas), possui sua relevância no momento de lazer. O calçado sintetiza a simplicidade, uma atitude de relaxamento, de verão, de praia, um estado de espírito do Brasil. Por isso, tem sempre alguém usando-o como parte de um look ousado no churrasco na laje. 

Falando de ousadia, o biquíni de fita já é, quase, a irmã do shorts jeans, devido sua grande participação nos churrascos da periferia! Coloridos ou não, tradicionais ou ‘diferentões’, a técnica de pregar fitas nas partes íntimas em forma de biquíni ou sunga já é uma trend nas lajes. E com a indústria musical, popularizado para além da favela por Anitta no clipe de ‘Vai, malandra’, tal técnica já é marca registrada na moda da favela. 

A cantora está entre os artistas brasileiros que saíram da periferia e continua mostrando com clareza, roupas e práticas que são comuns nas comunidades. Em Vai Malandra, clipe gravado em 2017 no Morro do Vidigal, podemos encontrar o famoso bronze na laje, que faz parte da rotina de muitos moradores da periferia. 

Ludmilla, Anitta e Mc Cabelinho. Arte: Jessi Goes.

Com referência e muita representatividade, Ludmilla é outra artista que aposta em looks baseados na moda periférica. Nascida e criada em Duque de Caxias, a cantora e suas bailarinas no clipe Rainha da Favela, gravado em 2020 na Rocinha, Rio de Janeiro, trouxeram peças de roupas bastante comuns em churrascos na laje. E já o cantor e ator, Mc Cabelinho em seu videoclipe da música Little Hair, gravado no Morro da Caixa d’Água, com Felp 22 e Xamã, faz uma releitura do churrasco na laje, além do estilo visto no gueto. 

O fato é que o estilo periférico conquistou o seu lugar tanto no universo da moda quanto no meio artístico, e, desde então, possui interferência na indústria musical graças às suas características. Da mesma maneira que a indústria possui lugar referencial para quem sempre teve tão pouco acesso. E é neste movimento de conversão de influências que se completa um processo cultural, rico e cíclico, que se sobressai e se pode ver perfeitamente no churrasco na laje.

Por Keven Souza

Hoje (18) se comemora o Dia Nacional do Livro Infantil. A data é uma referência ao nascimento, em 1882, de Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura infantil brasileira. O escritor é a personificação erudita do gênero literário com obras clássicas ligadas a linguagem da criançada, como Sítio do Pica-Pau Amarelo, O Saci, Fábulas de Narizinho, Caçadas de Hans Staden e Viagem ao Céu.

São realizadas neste dia diversas ações, projetos e campanhas para celebrar a leitura infantil em toda a sua essência e universo lúdico que se faz singular. Acima de tudo, 18 de abril é também um momento de reflexão sobre uma iminente conscientização dos adultos e das instituições responsáveis pela formação das crianças acerca do incentivo à leitura desde a fase pequena. 

Seja na sala de aula, campo aberto ou até mesmo em casa, o ato de ler contribui para o desenvolvimento de capacidades que fundamentam a base de um ser pensante que está em construção. Mas em tempos de uso de tantas telas, e agora com o ensino remoto ou híbrido, os livros infantis ainda têm espaço na rotina das crianças? Será que a leitura possui ainda valor e magia? 

É a partir dessas nuances que muitos professores e escritores têm feito um trabalho genuíno, pensado em conservar o hábito da leitura e disseminar a importância do livro físico. E nesse mar de heróis literários, temos a jornalista, escritora e heroína mineira, Paula Fernandes, que procura voltar seus esforços e conhecimentos à atividades e ações transformadoras no mundo pueril. 

Natural de Belo Horizonte, Paula é amante da escrita infantojuvenil e sua paixão pela área vem desde cedo. “Sempre gostei de crianças e de literatura. Acho um universo lúdico e repleto de possibilidades. Por volta dos meus 18 anos, eu era catequista e achava a linguagem da Bíblia complexa para crianças menores de 9 anos. Fiz o resumo do Novo Testamento e imprimi, por minha conta, alguns livretos e conversava com meus catequizandos sobre o tema. Essa foi minha primeira experiência com o público infantojuvenil”, diz Paula.

Ela conta que mais tarde, como jornalista, a vontade de escrever para a criançada se tornou ainda maior após perceber um gap de assuntos destinados ao público infantil. “Ao fazer matérias jornalísticas sobre educação e saúde, percebi um gargalo de alguns temas, por exemplo, sobre inclusão e política, e queria retratar algumas realidades de forma que não subestimassem a inteligência das crianças, aliás, elas são extremamente inteligentes”, explica. 

Com olhar disruptivo e voltado ao universo infantil, em 2016, Paula uniu literatura, inclusão e diversidade em seu primeiro livro, “O que Beca tem de diferente?”. Já no ano de 2018, lançou “Aprendendo sobre Honestidade com Lili”, levando a criançada a pensar, refletir e aprender um pouco sobre honestidade e política. 

Em 2019, a escritora escreveu o livro “Turminha Adownrável”. Na obra, a autora abre espaço para a discussão sobre o tema síndrome de Down, de modo simples e lúdico. Trabalho que entretém, informa e emociona, e que, de certo modo, traz orgulho aos leitores mineiros. 

Incentivo à leitura 

Ao adentrar nas páginas de um livro, aprendemos não só novas palavras e frases, mas também outras culturas e o que se mais tem rico na mente humana: a imaginação. 

O poder de imaginar é uma excelente experimentação, e é ainda mais forte quando se é menor. As crianças podem adquirir novas habilidades e diferentes conhecimentos através do imaginário que a leitura permite. Hoje, é mais do que comprovado que por meio dela o leitor mirim aprofunda o conhecimento, constrói relacionamentos interpessoais e desenvolve a empatia, além da cognição.   

Para Paula, o livro é um instrumento poderoso na fase pueril. “Certa vez, eu li que ‘os livros são portas para o conhecimento’. Acredito que o gosto pela leitura deve ser desenvolvido já na primeira infância, pois estimula a criatividade, a imaginação, o raciocínio, a criticidade, a reflexão, desenvolvimento cognitivo, ampliação de vocabulário e muito mais”, afirma. 

Segundo ela, escrever um livro voltado ao público infantojuvenil, bem como estimular o hábito de ler, não é uma tarefa fácil. Requer seriedade além de técnicas que ajudam a reter a atenção dos pequenos. “É imprescindível ter responsabilidade com o que você está escrevendo, sobretudo, com o público infantojuvenil. Todos os meus livros passaram por uma revisão cuidadosa de profissionais das áreas da educação e da saúde, além de especialistas nos assuntos que escrevo para os menores”, ressalta. 

Entre as estratégias para se fazer um bom livro infantil citadas por ela, estão a criação de tema, enredo e vocabulário adequados para a faixa etária; a utilização de título de fácil memorização; uso de muitas cores e ilustrações chamativas; uso correto da tipografia e animais nas histórias. 

A escritora ressalta ainda que é interessante fazer uso de nomes de personagens na qual a criançada se identifique. Os sujeitos de suas estórias, por exemplo, foram desenvolvidos por influência de seus amigos e familiares. “Todos os meus livros são baseados em fatos e as minhas personagens são inspiradas em crianças reais, ora por meio de alguma matéria que escrevi, noticiário ou até filhos de colegas. Os nomes são em homenagem às crianças da minha família”, pontua. 

Como escolher um bom livro na era digital 

Embora as telas sejam grandes concorrentes do livro, temos que desprender a imagem de serem competidores e usar ambas a favor da aprendizagem àvida. 

O livro físico tem seu valor e não pode ser deixado totalmente para trás, isso é fato! Agora, é preciso unir forças com a tecnologia para que juntas possam atrair a atenção do leitor mirim e fomentar a leitura em toda sua totalidade. “Independentemente da era digital, o importante é estimular a leitura da criançada e os pais e professores devem ser grandes aliados”, comenta Fernandes. 

Dito isso, é preciso ter cautela na hora de escolher a leitura do seu pequeno. A autora do livro “Turminha Adownrável”, deslumbra que, de maneira bem objetiva e subjetiva, as dicas mais importantes na hora de buscar por um livro infantil é estar atento a faixa etária e a mensagem que aquele livro possui.

Outro ponto a ser destacado é usar a leitura atrelada aos interesses da criança, como fazer roda de leitura em parques e bibliotecas; diversificar os livros com personagens que estimulam a imaginação; bem como optar pelas obras clássicas do universo da criançada.

Paula e o cartunista e escritor Maurício de Sousa

Neste dia de celebração do livro infantil, leia para uma criança! Permita ela experienciar o poder da imaginação que se forma quando se entra em contato com o mundo da fantasia. A magia é real e precisa ser cultivada em toda sua instância e constância. 

Recado para marcar a data

Ler para uma criança é um portal para um universo repleto de conhecimento e possibilidades, além dela desenvolver habilidades que serão imprescindíveis para sua vida. Uma criança que lê será um adulto leitor, com mais criticidade, que brinca com vocabulário, que permite conhecer outros universos e com sede de conhecimento, porque sabe que será um eterno aprendiz”, diz Paula. 

Se você se identifica com o trabalho da Paula e quer mais sobre sua trajetória, siga ela no instagram e leia suas obras em seu site: Livrolândia

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Ser otimista em tempos difíceis é uma dádiva tão especial quanto ter inspiração na falta de esperança.

Por Ana Clara Souza e Gabriel Almeida

Desde março de 2020, diversos países enfrentaram crises em diferentes áreas devido às consequências causadas pela pandemia da Covid-19. Muito se falou nos problemas da saúde, da educação e da economia. Mas, esqueceram que a cultura, principalmente, os artistas independentes ficarão desamparados e sem trabalho durante o período de isolamento social. 

Embora aqui no Brasil, o governo buscou auxiliar economicamente quem vive da arte independente – através da Lei emergencial Aldir Blanc – 14.017/2020 – a situação ainda é crítica. Além da produção que demanda tempo, esforço e investimento, a cultura necessita de distribuição para ter seu retorno financeiro e o reconhecimento. 

Mas, as dificuldades não estão apenas no que diz respeito aos problemas trazidos pela covid, é muito além. Existe um processo cansativo e burocrático que está ainda mais difícil, pois as possibilidades que existiam para que os artistas pudessem apresentar seus projetos, foram canceladas ou restringidas, e isso gera um impacto direto em quem depende disso para que o seu trabalho tenha reconhecimento. 

De acordo com o integrante do grupo de rap, Contramão Records, Nik, a pandemia tirou uma das maiores armas da cultura Hip-Hop, a batalha de rima, com presença de público.  “O computador não capta emoção espiritual”, afirma. Artistas do mundo inteiro estreitaram relações com o “novo normal”, mas sentem falta da energia corporal dos trabalhos presenciais.

Grupo Contramão Records  Fonte: arquivo pessoal

Isso nos ajuda a levar a discussão para outro ponto relevante, que é a alma da concepção de qualquer obra artística, e a principal pauta desta reportagem: a inspiração. Em tempos desesperançosos como esses que temos vivido, para uma classe que já não possuía uma estrutura fixa, agora, ainda mais desestabilizada, ter alento é resistir.

As esporádicas políticas públicas, nunca foram o suficiente para manter o sustento de artistas independentes, que detém jornadas triplas, para sobreviver, e atualmente, mesmo com auxílios governamentais, muitos não foram contemplados, trazendo um baixo entusiasmo no fazer artístico. Tem como ter esperança?

Para o Contramão Records, sim! O grupo tirou forças e dinheiro (da onde não tinham), e decidiram morar juntos, criar um Home studio, e começar a produzir, além das suas músicas, artistas, trilhas sonoras, entre outros. A ideia que eles tinham no começo, era viver apenas da música, e ter mais tempo para se dedicarem, porém, tudo tomou uma proporção muito maior, e hoje, além de microempreendedores, eles fomentam a cultura na cidade metropolitana de Belo Horizonte, onde nasceram e foram criados, Ribeirão das Neves, e pontuam com veemência que, a união sempre faz a força, como cantam em outras palavras, na música escrita juntamente com outro artista independente, Pedro Ezos, “Valeu a luta”: “Sei que nem tudo na vida vai dar bom pra nós. Mas nóis tá junto, e isso já valeu a luta!”. 

Sem dúvidas a arte tem sido afetada com todo esse processo. Resistir ao caos é uma tarefa árdua, mas que muitos artistas têm dado inspiradores exemplos de como seguir em frente com “as mãos atadas”. Por mais que o governo tenha expressado o recurso da Aldir Blanc, muitos ainda precisam ser atingidos e terem seus direitos colocados em prática.

Pois, se o auxílio é para todos, é importante que cada artista que quiser receber esse auxílio o receba.

Mas o que é a Lei Aldir Blanc?

Desde junho de 2020, o governo federal decidiu criar uma lei que pudesse trazer auxílio emergencial para os envolvidos na área da arte, visto que no contexto da pandemia, tudo mudou e as rotinas dos artistas passaram por drásticas mudanças. A lei previa a distribuição entre os auxiliados de um valor de 3 bilhões de reais que seriam distribuídos entre os estados e municípios brasileiros.

Em maio de 2021, em Minas Gerais, a Secretaria de Cultura do estado divulgou que 7.113 dos 7.173 projetos em espera pelo pagamento do auxílio haviam sido feitos, confirmando que 99,17% do total de auxiliados teriam sido atingidos.

A lei recebeu esse nome em homenagem ao letrista e compositor carioca, Aldir Blanc Mendes, mais conhecido como Aldir Blanc, que faleceu em 4 de maio de 2020.

Com todo esse contexto em vigor, é possível perceber a movimentação do fazer artístico em movimento para que a produção da arte não deixe de existir, e mesmo que afetada de muitas formas pelo isolamento e distanciamento, ainda possui a belíssima capacidade de se adaptar e de, além disso, protestar a favor do que é preciso ser dito, como a valorização do artista e de sua e de como ambos são extremamente importantes para que um país, como o Brasil, rico em cultura e costumes, possa ter em sua História um povo que lutou e continua diariamente a lutar a favor da arte e da preservação do que se tem, mesmo em momentos onde a esperança parece desvanecer e se perder. E na união dessas pessoas, o movimento resiste e mostra o seu poder, avançando em ordem de batalha para um futuro que quer brilhar e, acima de tudo, lutar por direitos e pela arte.

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Mostra de arte e cultura urbana acontece nos dias 26 e 27 no campus Liberdade

Por Daniela Reis

A Mostrô – Mostra de arte e cultura urbana de quem ama o que faz –  chega a sua 6ª edição de casa nova, agora ela vai acontecer na Cidade Universitária Una, na unidade Liberdade, uma vez por mês. O lançamento do evento na instituição de ensino acontece nos dias 26 e 27 de março (sábado e domingo), de 10h às 17h. O evento contará com expositores de gastronomia, artesanato, design, bem-estar e literatura. 

A feira foi idealizada pela Da Terra Marketing e Gestão Cultural, sob a direção do gestor cultural, Bosco Ladeira, que já esteve à frente de grandes eventos como: Salão do Livro Infantil e Juvenil de MG, São Paulo Fashion Week, Bienal do Livro de MG, Festival Internacional de Quadrinhos, dentre outros. Agora a Mostrô será promovida em parceria com Una, com o intuito de inspirar a economia colaborativa e conectar a cadeia produtiva, equipamentos culturais e empresas públicas e privadas. Também entram nessa parceria cultural o Museu das Minas e do Metal Gerdau/Circuito Liberdade. 

Além disso, a Mostrô tem em suas diretrizes a valorização do artesanato, da gastronomia e da cultura mineira. Todos os produtos comercializados na feira carregam consigo a mineralidade e a essência do feito à mão. De acordo com Bosco Ladeira o projeto nasceu em 2017 com a intenção de resgatar a antiga feira que ocupava a Praça da Liberdade. “Queríamos trazer de volta a essência da Feirinha da Praça, com aquela troca entre os expositores/artesãos e a valorização do artesanato”, explica. 

O evento na Una

A feira contará com cerca de 100 expositores, sendo metade no sábado (26) e a outra no domingo (27). Além da exposição e vendas de produtos, haverá apresentações culturais, espaço kids e oficinas. A entrada é gratuita e os visitantes podem trazer seus pets. 

A Una sempre busca fomentar a economia criativa dentro e fora da sala de aula. Para Danilo Simões, professor da instituição e curador gastronômico da feira, essa parceria veio para reforçar ainda mais essa essência. “A Mostrô  ajuda a desenvolver a economia  criativa e vai movimentar e dar mais vida ao campus Liberdade, criando ainda mais relacionamento e interação. Além disso, vai promover a cultura  e criar mais uma oportunidade  para que a comunidade  acadêmica  mostre seus talentos”, reforça. 

Programação cultural e oficinas

26/03 – sábado

10h às 17h – Espaço Zen (massagem com preços populares)

10h – Aula de Yoga – Magda Nascimento

12h30 às 16h30 – DJ Miss Cooller

14h – Sandra Lane – espetáculo “Kamishibai Brasil- Sombras na Palma da Mão”. 

27/03 – (domingo)

10h às 17h – Espaço Zen (massagem com preços populares)

12h30 às 17h – DJ Fê Linz 

14h – Sandra Lane – espetáculo “Kamishibai Brasil- Sombras na Palma da Mão”. 

15h às 17h – Oficina do ceramista Emivaldo Vieira – Experiência com Argila Cerâmica 

Valor participante: R$80,00 (para realizar a inscrição, basta clicar no link da bio do Instagram da Mostrô

Serviço

6ªEdição da Mostrô – 26 e 27 de março

10h às 17h

Una Liberdade – Rua da Bahia, 1746 – Lourdes – Belo Horizonte

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Por Daniela Reis 

 

Elis Regina foi um ícone, um estouro! Mulher de personalidade forte e à frente do seu tempo, foi a primeira a dar voz à mistura de estilos que ficou conhecida como Música Popular Brasileira em 1965, quando tinha apenas 20 anos de idade. A cantora nasceu em 1945, no dia 17 de março, na cidade de Porto Alegre (RS). Sua morte precoce a transformou em mito. Diversas canções foram eternizadas na sua voz, entre elas: Águas de Março, Casa no Campo e Como Nossos Pais.

 

Trajetória de sucesso 

A artista começou a cantar ainda menina, aos 11 anos, no programa “No Clube do Guri”, na Rádio Farroupilha, apresentado por Ari Rego. Em 1960, foi contratada pela Rádio Gaúcha. Nesse mesmo ano foi eleita a “Melhor Cantora do Rádio”. Em 1961, com 16 anos, viajou para o Rio de Janeiro onde lançou seu primeiro disco, “Viva a Brotolândia”.

Em 1964, já se apresentava no eixo Rio-São Paulo. Assinou contrato com a TV Rio, para se apresentar no programa “Noite de Gala”. Sob a direção de Luís Carlos Miele e Ronaldo Bôscoli.

Nessa época, Elis criou os gestos que se tornaram sua marca registrada. Quando cantava, levantava os braços e girava-os. Também se apresentava no “Beco das Garrafas”, reduto da Bossa Nova.

Ainda em 1964, Elis muda-se para São Paulo. Em 1965, fez a sua estreia no festival da Record com a música “Arrastão”, de Edu Lobo e Vinícius de Moraes.

Elis recebeu o Prêmio Berimbau de Ouro e o Troféu Roquette Pinto. Foi eleita a melhor cantora do ano.

Entre 1965 e 1967, ao lado de Jair Rodrigues e do Zimbo Trio, Elis apresentou o programa “O Fino da Bossa”, na TV Record em São Paulo.

O programa gerou três discos Dois na Bossa I, II e III. O primeiro “Dois na Bossa” vendeu um milhão de cópias.

Ultrapassando fronteiras

Em 1968, Elis embarcou em uma promissora carreira internacional. No Olympia de Paris, foi ovacionada e voltou ao palco seis vezes depois do final do show.

Artista eclética

Era uma artista eclética, interpretava canções de vários estilos, como MPB, jazz, rock, bossa nova e samba. Levou à fama, cantores importantes como Milton Nascimento, João Bosco e Ivan Lins. Fez dueto com Tom Jobim, Jair Rodrigues, entre outros.

Entre os seus álbuns destacam-se: Ela (1971), Elis e Tom (1974), Falso Brilhante (1976), Essa Mulher (1979), Saudade do Brasil (1980) e Elis (1980).

Grandes sucessos 

Em menos de 20 anos de carreira, Elis gravou 31 discos, onde imortalizou diversas canções da música popular brasileira, entre elas:

  • Águas de Março
  • Como Nossos Pais
  • O Bêbado e a Equilibrista
  • Fascinação
  • Madalena
  • Aprendendo a Jogar
  • Casa no Campo
  • Alô, Alô, Marciano
  • Romaria
  • Upa Neguinho
  • Se Eu Quiser Falar Com Deus.

A mulher

Elis Regina foi casada com o produtor musical Ronaldo Bôscoli entre 1967 e 1972. Juntos protagonizaram brigas homéricas, geralmente em público. Dessa união nasceu João Marcelo Bôscoli (1970).

Entre 1973 e 1981 Elis viveu com o pianista e arranjador musical Cesar Camargo Mariano. Juntos tiveram dois filhos: Pedro Camargo Mariano (1975) e Maria Rita (1977).

O adeus

Elis Regina foi encontrada no chão de seu quarto do seu apartamento no bairro dos Jardins, por seu namorado Samuel MacDowell, que arrombou a porta e tentou socorrê-la, mas ela já chegou sem vida ao hospital.

Elis Regina faleceu com apenas 36 anos, em São Paulo, no dia 19 de janeiro de 1982. Sua morte foi decorrente do consumo de cocaína e o uso exagerado da bebida alcoólica.

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Por Gabriel de Souza

Profeta, conhecido pelo seu nome e pela sua arte disruptiva, é um cantor da cena do rap underground de Belo Horizonte, que começou a sua jornada cantando no coral da Igreja e logo percebeu a música como uma ferramenta de expressão de seus pensamentos e de sua narrativa no mundo.

O jovem apresenta sua estética através das artes plásticas e musical, o desenho foi visto por ele como uma forma de se aproximar de outras crianças na sua infância. De uma forma que foge do convencional ele também se apropria de elementos do mainstream nos seus ritmos e letras.

Na música “Broken Toy Boy”, Profeta faz referência a masculinidade tóxica do mundo masculino contemporâneo e a supervalorização da beleza estética reforçada pelas redes sociais e aplicativos de pegação, como também um próprio fenômeno percebido dentro da comunidade  LGBTQIA+.

Falando em apropriação, a música traz um trecho em inglês cantado pela artista Lourandes. A música também dilata as vivências e indignações vividas pelo artista, como racismo, o capacitismo e a homofobia, junto a um audiovisual que usa técnicas de edição, com as estéticas de vertentes do glitch.

Já na música “Ato II. Oração”, Profeta traz um “song love” como uma carta descrevendo o amor por um alguém e as formas de lidar com essa emoção, entrelaçado com outras tramas de sua vida, e volta para o sentimento original da letra que é o amor.

O clipe possui trechos em VHS mostrando a infância do artista aliado a um ritmo melancólico e nostálgico, aliado ao audiovisual que faz uma auto expressão exibindo o  passar do tempo e o amadurecimento do artista, produzindo assim, uma obra de  auto reflexão com o tema para quem assiste.

A obra é produzida com a participação de Maria Flor de Maio @marioflor.maio e Andy na Arte, e figurino com mix e master por Porreta. A direção e roteiro por Isis Grazielle, fotografia por Gustavo Koncht, o designer gráfico com João Guilherme e edição e montagem com @gusta_aguiarc.

 

* A matéria foi produzida pelo Icon Releass, projeto do aluno de Publicidade e Propaganda da Una, Gabriel de Souza.