Desvendando BH
Lugares pouco conhecidos da capital mineira

Por Júlia Garcia 

O fim de semana em Belo Horizonte está repleto de eventos para todos os gostos. Confira hoje a agenda que o Contramão separou para você curtir o final de semana.

Sexta

Nesta sexta acontece a final do festival “A Voz da Periferia”, onde os finalistas irão se apresentar ao vivo. Além de curtir os shows, você poderá votar em seu artista preferido. O festival acontece às 19h, na Autêntica, que se localiza na Rua Álvares Maciel, 312 Bairro Santa Efigênia.

Às 20h, no Palácio das Artes, a Orquestra OPUS traz o cantor, ator e compositor Leo Jaime. A apresentação contará com grandes sucessos da carreira do artista e arranjos exclusivos feitos pela Orquestra OPUS. 

Sábado

No sábado, o hip-hop vai tomar conta de BH. Os amantes de rap poderão curtir o Rap Game Festival. Várias atrações confirmadas, como: L7NNON, DJONGA, TASHA & TRACIE, SIDOKA e muito mais. Serão 12 horas de música e o evento acontecerá na esplanada do Mineirão. Os ingressos estão disponíveis no site Show Pass.

E para os amantes de MPB, a capital mineira recebe o cantor e compositor Ivan Lins, com “Quero Falar de Amor”. O show trará grandes sucessos do artista e acontecerá às 21h, no Palácio das Artes, na Avenida Afonso Pena. Os ingressos estão disponíveis no site EVENTIM.

Domingo 

Para os amantes do teatro, o Centro Cultura Sesiminas recebe a comédia “Três Mulheres Altas”. O espetáculo é estrelado por Suely Franco, Deborah Evelyn e Nathalia Dill. A peça começa às 15h, na rua Padre Marinho, 60, Bairro Santa Efigênia. E se você tem interesse em assistir, os ingressos estão disponíveis no Sympla.

E a gente se despede do final de semana com show da banda Skank. A “Turnê da Despedida” circulou por todo o Brasil e no dia 26, os músicos se apresentam no Mineirão. Os últimos ingressos estão disponíveis no site Ticket 360.com

 

PBH faz consulta pública do redesenho de um dos locais mais movimentados da cidade

Por Matheus Dias

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) apresentou a proposta de revitalização da rua Sapucaí para a população em dezembro de 2022, e desde então tem divulgado um formulário em seu site que ficará disponível até hoje, 31 de janeiro, para escutar o público acerca do novo visual da rua. 

A Sapucaí é um dos locais boêmios e turísticos mais admirados da capital mineira. É ainda ponto de encontro atraído pela bela vista que destaca o centro da cidade – com direito a belíssimas fotos pelo mirante dos murais do Projeto Cura. Sua beleza estampa a área cultural extensa de Belo Horizonte, promovida pela Praça da Estação, com ambiente descontraído e polo gastronômico de restaurantes e bares populares. 

A estudante de Publicidade e Propaganda, Amanda Serafim, 22, costuma frequentar uma vez por semana a Sapucaí. Ela afirma que está bem animada para que dê certo a proposta de revitalização, pois acredita que poderá melhorar o ambiente. “A revitalização vai trazer mais segurança, vai diminuir o fluxo de carro e trazer mais conforto pro que a Sapucaí já é”, diz. 

A opinião da futura publicitária vai de encontro com o propósito da PBH, que é tornar o espaço mais agradável e seguro para quem frequenta o local, reforçar o turismo e reduzir os conflitos entre pedestres e veículos.

Revitalização por uma Floresta melhor

Com o redesenho, a proposta prevê que sejam fechados os três quarteirões entre as avenidas Assis Chateaubriand e Francisco Sales. Na rua Sapucaí seja implantado área de permanência, mobiliário urbano, arborização e paisagismo, arquibancada mirante e quiosques comerciais com banheiro público.

Na esquerda a situação atual da rua Sapucaí e na direita a proposta com a revitalização. Foto/reprodução: PBH.
Na esquerda a situação atual da rua Sapucaí e na direita a proposta com a revitalização. Foto/reprodução: PBH.

Na esquerda a situação atual da rua Sapucaí e na direita a proposta com a revitalização. Foto/reprodução: PBH.

 

 

 

 

 

 

 

Lucas Fernandes da Silva, 23, estudante de Publicidade e Propaganda, enxerga que a ideia é muito boa, porém chama a atenção para um ponto. “Antes a PBH tem que cuidar das pessoas em situação de rua, pois como é um local aberto e abandonado, pode criar um conflito com quem busca o local para lazer. Primeiro a prefeitura tem que cuidar desse ponto e posteriormente buscar o projeto para ter a revitalização”, destaca Lucas.

Opinião de comerciantes e último dia de escuta 

Hoje, o espaço conta com um público diverso de frequentadores. Com fluxo variado de acordo com o horário e dia da semana. Porém, com a nova proposta tem a esperança de atrair e aumentar visitantes e novas pessoas para a Sapucaí. É o que acredita Alfredo Lanna, 35, sócio-proprietário de dois estabelecimentos na rua, a Panorama Pizzaria e o Botequim Sapucaí.

Para Lanna é importante a revitalização, pois observa a região não só como um polo gastronômico, mas de lazer para a cidade. “Sou um entusiasta do projeto, é um presente para a cidade e os moradores se isso for realizado. Acho que BH tem esse caráter turístico de cidade urbana, cidade criativa, cidade gastronômica, isso seria de extrema importância. A gente (comerciantes) vê esse movimento, esse desejo de quantidade de turista que vai sem essa preparação que não temos hoje, então com essa infraestrutura seria melhor”, opina Alfredo.

Todos os detalhes em arte e fotografia da revitalização estão disponíveis no site da Prefeitura de Belo Horizonte, mas você pode conhecer a proposta e opinar respondendo ao formulário, que está aberto somente até hoje (31).

Vista da rua Sapucaí para o Centro de Belo Horizonte – Foto/reprodução: Lucas Fernandes da Silva.
Vista da rua Sapucaí para o Centro de Belo Horizonte – Foto/reprodução: Lucas Fernandes da Silva.

 

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Por Matheus Dias

Nas quartas-feiras ouvimos Rock! É o que propicia o dia de hoje, 13 de julho, em que se comemora o Dia Mundial do Rock. A data foi criada por causa do evento Live Aid, realizado em 13 de julho de 1985 por Bob Geldof – ex-líder do grupo The Boomtown Rats – que tinha o objetivo de arrecadar dinheiro para combater a fome na Etiópia. 

Mesmo com a queda de sua popularidade, sobretudo entre os  jovens de hoje em dia, o Rock é conhecido pelas novas gerações e possui fãs em todo o mundo. E para celebrar tal data, o Jornal Contramão conversou com a banda mineira Coffee Rock Uai, que contou sobre sua trajetória e grande paixão pelo estilo musical. Confira! 

O início 

A Coffee Rock Uai surgiu em 2021, há pouco mais de um ano, e se apresenta em casas de show em Belo Horizonte e na região metropolitana. Além de Rodrigo Caixeta, baixista e idealizador do projeto musical, a banda é, hoje, composta pelo baterista Fausto da Mata, o vocalista Gigio e os violonistas Fábio Fu e Dim, que juntos formam um grupo que leva nostalgia através de seu som. 

O nome da banda surgiu nos ensaios, onde aconteciam momentos de pausa para tomar café (um rito da banda). Por que não colocar o nome da bebida que fez parte da concretização do projeto? Se perguntou o grupo. Juntamente com o questionamento, o tão famoso “uai” do dicionário minerês foi dado como sugestão para mostrar a origem da banda. E nesse mar de ideias, surgiu o Coffee Rock Uai!

Na bio do Instagram a banda define: “Coffee é o convite para curtir um momento intimista e de celebração. Rock, um estilo de vida, e ‘uai’ nossa identidade”. 

Integrantes da “Coffee Rock Uai”.Da esquerda para direita: Dim, Rodrigo Caixeta, Gigio, Fausto Da Mata e Fabio Fu. Foto: Acervo pessoal.

Integrantes da “Coffee Rock Uai”.Da esquerda para direita: Dim, Rodrigo Caixeta, Gigio, Fausto Da Mata e Fabio Fu. Foto: Acervo pessoal.

Resgatar as lembranças no público é um um dos nortes da banda. É o que diz Gigio.”O objetivo é suprir a carência do público em relação às músicas do rock nacional e internacional dos anos 80 e 90. Muitas pessoas gostam, mas relembram através dos discos ou através de plataformas digitais de vídeo. Quando o público vê uma banda tocando essas músicas ficam felizes”, explica. 

A proposta da Coffee Rock Uai também é a diversidade de estilos. Possuem um repertório bem variado, unindo várias bandas que gostam, como por exemplo, Nirvana, Legião Urbana, Beatles, Cazuza, Creed, entre outras. Os shows são no formato acústico, justamente por terem como propósito a nostalgia. “Queremos remeter e resgatar os acústicos dos anos 2000, o acústico do Capital Inicial e Cássia Eller, os programas da MTV”, comenta o vocalista.

Ensaio Ensaio fotográfico da banda “Coffee Rock Uai”. Foto: Acervo pessoal.

Na percepção da banda, o Rock não se renovou e com isso foi perdendo espaços para os outros ritmos musicais. Um dos fatores que citam que podem ter cooperado, é a falta de união no próprio meio musical entre as bandas para propagar o gênero para as novas gerações. Nos seus shows veem que o maior público está na faixa de 35 a 50 anos, aproximadamente, e que os jovens e adolescentes que estão nos shows, e os que se interessam pelo o Rock, vem pelo legado deixado pelos seus pais e família. 

Para conhecer o trabalho da Coffee Rock Uai, a agenda de shows e saber mais sobre sua história, acesse o Instagram da banda.

Principal Mercado de Belo Horizonte une tradição, contemporaneidade

e encanta turistas por sua singularidade

 

Por Sabrina Gutierrez dos Santos (texto e fotos)

O Mercado mais conhecido de Minas Gerais retomou as suas atividades após o período mais crítico da pandemia, confirmando a sua vocação turística, com uma visitação que cresce a cada dia e segue no enorme espaço, onde produtos variados e de qualidade atendem a todos os gostos.

História

Belo Horizonte tinha apenas 32 anos quando o prefeito Cristiano Machado resolveu reunir, em um só local, os produtos destinados ao abastecimento dos 47 mil habitantes da jovem cidade. Foi assim que o Mercado Central nasceu, no dia 7 de setembro de 1929, unindo as feiras da Praça da Estação e da atual Praça da Rodoviária. Em um terreno com 22 lotes, próximo à Praça Raul Soares, foram reunidos todos os feirantes, centralizando o abastecimento da população.

Nos 14 mil metros quadrados do terreno descoberto, circundando as carroças que transportavam os produtos, as barracas de madeira se enfileiravam para a venda de alimentos. Seus corredores guardam grandes memórias e muitas histórias, segundo o site oficial do Mercado Central, que também traz outras informações.

O Mercado funcionou até 1964, com atividade intensa, quando o prefeito da época, Jorge Carone, resolveu vender o terreno, alegando impossibilidade de administrar os estabelecimentos. Para impedir o fechamento do Mercado, os comerciantes se organizaram, criaram uma cooperativa e compraram o imóvel da Prefeitura. No entanto, teriam que construir um galpão coberto na área total do loteamento no prazo de cinco anos; se não conseguissem, precisariam devolver a área à Prefeitura.

Há duas semanas do fim do prazo dado pela Prefeitura, ainda faltava o fechamento da área. Foi então que os irmãos Osvaldo, Vicente e Milton de Araújo decidiram acreditar no empreendimento e investiram no projeto. Foram contratadas quatro construtoras, ficando cada uma responsável por uma lateral, para que o galpão pudesse ser fechado no tempo estabelecido. Ao fim do prazo, os 14 mil metros quadrados de terreno estavam totalmente cercados. Os associados, com seu empreendedorismo e entusiasmo, viram seus esforços recompensados.

Melhorias com o passar do tempo

Rai Amorim, que trabalha numa das lanchonetes mais tradicionais do espaço, há mais de 30 anos no local, diz que “o Mercado se especializou nesses últimos anos e a administração tem a limpeza como grande foco, porque antigamente as pessoas só viam o mercado como sujo, hoje em dia não, é bem profissional essa questão e a da segurança. Antigamente era barraca ao ar livre e chovia, era muito barro, aí tinha um lamaçal. A partir da década de 1970, com a construção do prédio galpão, a principal mudança foi essa organização. Como o Mercado é uma associação, os próprios comerciantes têm poder de voto, têm um conselho, então a administração está sempre conectada aos lojistas”.

Bem-organizado e com a participação ativa dos proprietários das lojas, a cada dia, ao longo dos anos, o Mercado Central ampliou suas atividades, expandindo seus negócios. Enquanto isso, se transformava em um núcleo não só de produtos alimentícios, mas também de artesanato, tornando-se um dos principais pontos turísticos da cidade e um dos locais mais queridos dos belorizontinos. Com 210 funcionários na administração, limpeza, estacionamento e segurança, o Mercado tem hoje 25.460 metros quadrados de área construída e 420 vagas rotativas no estacionamento.

Atualmente, com mais de nove décadas de vida, representante marcante da cultura mineira, o Mercado Central possui mais de 400 estabelecimentos, com artigos para animais, artesanato, padarias, açougues, restaurantes, hortifrutis, entre outros tipos de mercadorias. Oferece serviço de informações bilíngue, via site e no próprio local, e atrai diariamente milhares de visitantes de todos os lugares do Brasil e do mundo.

As mudanças com a pandemia

Em março de 2020 Belo Horizonte entrou em lockdown devido à pandemia da Covid-19 que se propagou pelo Brasil, causando mais de 600 mil mortes no país e 22,2 milhões de infectados até dezembro de 2021. Com isso, muitas lojas do Mercado Central ficaram fechadas durante o período de isolamento na cidade, que durou por volta de nove meses, e vários lojistas tiveram que trabalhar com aplicativos e delivery.

Segundo o jornal Diário do Comércio, antes da pandemia passavam no Mercado, por dia, 31 mil pessoas. Já no fim de semana a quantidade era maior, por volta de 58 mil visitantes. Hoje esse número foi reduzido, são 25 mil pessoas diárias e 31 mil nos finais de semana, mas com a reabertura das lojas a perspectiva é de que a frequência volte a subir.

Quando o comércio começou a retornar, de maneira gradual, em maio de 2021, com 10% da ocupação, vários bares localizados no Mercado tiveram que colocar mesas e cadeiras para fora do estabelecimento, garantindo a segurança tanto dos clientes quanto dos funcionários, por conta do distanciamento social. Além disso, novos hábitos foram adotados durante a pandemia, como o uso constante do álcool em gel e das máscaras.

Rai Amorim, na entrevista concedida ao jornal Contramão, também contou que “a nossa ordem foi começar a fazer o delivery ano passado (2020), que a pandemia estava menos controlada, o pessoal não tinha se vacinado ainda. O Mercado tinha restrição de 300 pessoas por vez, só podia entrar quando saia alguém, então foi um período bem difícil, sem movimento, mas era necessário, acho que conseguimos administrar bem essa crise”.

Mas, mesmo com o retorno da totalidade das suas atividades, funcionado com 100% da sua capacidade desde agosto de 2021, o Mercado ainda não retomou a mesma frequência de público do período anterior à pandemia. A funcionária Raquel Joana, que trabalha numa das padarias do local, aberta há cinco anos, relata: “o que eu senti de mudança foi o fluxo de pessoas. A gente veio do isolamento, como estava tudo fechado, a gente teve muita dificuldade em questão de venda, as vendas caíram bastante, a gente não podia deixar os produtos expostos, não podia deixar os clientes se alimentarem aqui dentro”. Ela explica que, com a flexibilidade, o público aumentou e que os lojistas criaram boas expectativas em relação às vendas de Natal.

Quanto ao público, o Mercado continua agradando, segundo comentam diversos frequentadores. Andrélia Moreira, aposentada, comenta que “além de oferecerem a segurança necessária para o público, posso tomar uma cervejinha e comer jiló; esse clima que tem aqui, de mineiridade, de descontração, de interior, é muito bom para fazer amizades. Gosto muito do Mercado porque tem mercadoria direto da roça, mas na verdade venho mais pra comer um bom tira gosto e beber”.

Fernanda de Araújo, cabelereira e maquiadora, diz que “o Mercado não é famoso só pela localização, mas também pela qualidade e por essa energia que ele tem, sabe? Gostosa, de interior. Quando entrei aqui pela primeira vez fiquei louca. Eu gosto de tudo, a peixaria, o atendimento, os temperos, as castanhas, tudo é muito bom, difícil escolher uma coisa só”.

Mesmo após o período mais complicado da pandemia da Covid-19, o Mercado Central continua surpreendendo com os cuidados com a segurança, o bom atendimento e os produtos diversificados. O Mercado mantém a sua essência e, em breve, deverá retomar o antigo número de visitantes, seguindo como um ponto turístico privilegiado no centro da cidade, que agrada a todos os gostos.

Para completar 

Os alunos da Unidade Curricular Desenho e Produção de Som desenvolveram um material audiovisial sobre o Mercado Central. A produção conta com entrevistas e muitas curiosidades sobre o local, confira no link.

 

Rua da Bahia, no cruzamento com a rua Guajajaras e avenida Álvares Cabral

Por Moisés Martins

O que dizer de uma rua, como a rua da Bahia? Localizada na bela Região Centro-Sul de Belo Horizonte, na capital de “trens e uais de Redá pá lá e Pó para”. Uma rua de importância histórica e cultural para a nossa capital.  Foi palco de manifestações políticas e objeto de crônicas e poemas de autores mineiros e nacionais. Deixo aqui um pouquinho da minha experiência dessa rua que faz parte do meu caminho.

Rua da Bahia, no cruzamento com a rua dos Guajajaras e avenida Álvares Cabral

A minha vida é essa:  subir e descer Bahia. Sem nenhuma pressa, de modo que me distraio à beça. A rua da Bahia se modifica a cada dia, sem ao menos ter que descer floresta.

São 12 minutos de caminhada para percorrer seis quarteirões, algo próximo a 1 mil metros. Atravesso ruas e avenidas da capital, que misturam nomes de povos indígenas a personagens importantes da história brasileira: Goitacazes, Augusto de Lima, Guajajaras, Álvares Cabral, Timbiras, Aimorés e Bernardo Guimarães. Ao transitar pelas calçadas,  você encontra pessoas de todas as cores, estilos e crenças, pessoas de diferentes orientações sexuais e classes sociais.

É uma subida cansativa, mas que dá gosto de percorrer. No horário da tarde, deparo-me com um grande número de pessoas. A maioria delas estão em horário de almoço. As agências bancárias no percurso fazem com que o  fluxo de passantes aumente ainda mais. Tenho que me desviar para que não esbarre em nenhuma delas. De olhos atentos consigo perceber a diferença social que existe entre os quarteirões.

O primeiro quarteirão vai da Rua Goitacazes à Avenida Augusto de Lima. Região onde é grande o número de pedintes, moradores de rua que dominam a área, vivem das moedinhas de quem passa por ali. Na calçada,  muitos bueiros, todos desnivelados, tornando a via cheia de relevos.

O quarteirão  da Avenida Augusto de Lima à Rua Guajajaras muda-se a cena. A presença de moradores de rua passa a ser  menor. Nota-se um fluxo maior de caminhoneiros no setor de carga e descarga. A presença de jovens classe média fica mais constante,  devido ao Colégio Chromos localizado na região. Os boêmios encontram lugares nos dois quarteirões, da Rua Guajajaras à rua Aimorés, onde as cadeiras dos bares se espalham pelas calçadas.

O final do meu percurso é o quarteirão entre rua Aimorés e rua Gonçalves Dias, local frequentado por estudantes, professores e bancários que trabalham em ruas próximas.

Mas a rua da Bahia é muito mais:  ao longo de todo trajeto, pessoas se amam, pássaros fazem ninhos em copas de árvores. Uma rua em constante transformação. É como uma estação de trem: as pessoas embarcam e desembarcam nos seguidos encontros e desencontros. Diria que a rua da Bahia é o palco, onde nós compomos todos os dias, uma nova cena.

Durante essas cenas, encontramos amizades com quem nunca vimos. Trocas de olhares e de repente a cena para, aparece a cortina. Fim da cena? Não, não, esperem! É apenas um fumante que passou por você e encheu o seu rosto de fumaça. Ufa! Já posso trocar olhares de novo.  Não! não posso, a pessoa simplesmente desapareceu. Talvez tenha entrado em alguma loja, virado em alguma rua…

Dentro do carro a cena é completamente diferente.  O sinal fecha e mais uma cena se inicia. De repente uma pessoa atravessa correndo na frente dos carros, a cena então recomeça, os motoristas buzinam, alguns xingam. Às vezes, nem adianta. A pessoa até atravessou! Sinal verde! Os carros podem avançar e lá vão eles subir bahias e descer florestas.

E assim as cenas vão se reconstruindo a cada dia. Não existe diretor, a cena simplesmente acontece, e sempre estamos lá para assistir em primeira mão as histórias que fazem da rua da Bahia um lugar tão fantástico.

Estatuetas customizadas em tamanho real de um bebê elefante, encontram-se espalhadas pela cidade.
Por Moíses Martins

Uma das maiores exposições de Arte Pública do Mundo, Elephant Parade, desembarcou recentemente na capital mineira. O projeto começou em 2006, com inspiração em Mosha, um bebê elefante de 7 meses que teve uma de suas patas dianteiras amputadas depois que pisou em uma mina terrestre, próximo à fronteira entre Tailândia e Mianmar. A Elephant Parade foi a forma encontrada para buscar recursos para cuidar da elefanta Mosha, comprar sua prótese anualmente (uma vez que o tamanho da prótese muda conforme ela cresce), além de ajudar todos os outros elefantes asiáticos que sofrem com as minas terrestres e com os maus tratos praticados por caçadores em busca de Marfim (material arrancado das presas dos elefantes).

Querubins | Foto Moisés Martins

Ao final de cada exposição, as estátuas de elefantes são leiloados e parte da quantia arrecadada é destinada à filantropia local, a projetos de preservação dos elefantes e aos artistas participantes.

O maior valor pago por uma estátua da Elephant Parade em um leilão foi de £155,000 o que equivale aproximadamente R$ 724.555. A estátua foi criada pelo artista Jack Vettriano, em 2010, na Elephant Parade London.

O ateliê de pintura oficial, bem como a exposição dos elefantes, está acontecendo no Shopping Pátio Savassi, onde ficará exposta até o dia 15 de maio. Outras peças também estão expostas em áreas livres da cidade, como Praça da Liberdade e Praça da Savassi.