Crônica

rock in rio

Por Keven Souza 

Aconteceu no último domingo (11) o encerramento do Rock In Rio 2022, na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro. O evento que reuniu ​aproximadamente 100 mil pessoas no sétimo dia e contou a presença de mais de 36 artistas dos mais variados gêneros musicais, trouxe vida a Cidade Rock em 12 horas de música constante divididos em oito palcos. 

rock in rio
Dua Lipa, esbanjando talendo e brilho no palco mundo ( Foto: Keven Souza )

A atração mais aguardada da noite foi a cantora britânica de 27 anos, Dua Lipa. A artista era headliner do dia, onde, ao som de “Physical“, subiu ao Palco Mundo com todo um espetáculo de cores, luzes e hits. Esbanjando talento, apresentou o setlist com os sucessos de Future Nostalgia, seu segundo álbum de estúdio. Tudo muito bem pensado para quem estava presente no Parque Olímpico e também acompanhava de casa, pela transmissão do Multishow. 

Das músicas aos figurinos – quatro, ao todo – Dua Lipa brincou com cores e não dispensou brilho. Trouxe seu balé que performou garantindo um show à parte com coreografias. A cantora interagiu ainda com a plateia e finalizou, em português, dizendo: ‘obrigado gatinhos e gatinhas’.  

Megan Thee Stallion, Rita Ora e Ivete também foram outras cantoras que abrilhantaram o último dia de Rock In Rio, se apresentando no Palco Mundo. No Sunset, Liniker mostrou toda força da mulher trans preta juntamente com Luedji Luna. Logo após, Majur,  Agnes Nunes, Mart’nália, Gaby Amarantos e Larissa Luz uniram o samba, soul, blues, brega e jazz em um só espetáculo para homenagear Elza Soares.

Cidade do Rock é baile de favela

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Toda a estrutura gigantesca do palco mundo. ( Foto: Keven Souza )

Já a cantora Ludmilla, de 27 anos, que também se apresentou no Palco Sunset, foi uma das artistas mais comentadas do mundo na internet após seu show. Isso porque, ela prometeu que faria algo grandioso e cumpriu. A dona do hit ‘Rainha de Favela” investiu em estrutura de palco, luzes e figurinos luxuosos. Além disso, não deixou de lado o funk!

Ludmilla construiu um setlist único, que privilegiava o gênero musical, fazendo com que a Cidade do Rock por um momento virasse baile de favela. Levou ainda a dupla Tasha e Tracie, MC Soffia, Tati Quebra Barraco e Majur para o palco. Como resultado, fez um show certamente histórico que trouxe questionamentos aos produtores do Rock In Rio sobre a participação de artistas brasileiros no Palco Mundo, que é o principal palco do festival. 

O Rock in Rio promoveu inclusão em seus shows deste ano, como intérpretes de Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) e mais artistas negros e LGBTQIA+. Mas a principal crítica do público com os produtores foi colocar artistas femininas de grande público, que é o caso de Ludmilla e Avril Lavigne, em palcos menores, como o Sunset. 

A volta do Rock In Rio no Brasil 

Após dois anos desde a última edição do evento do Brasil, que aconteceu em 2019, a Cidade do Rock recebeu um público de 700 mil pessoas com o forte desejo de se reencontrar. Foram sete dias, 1.255 artistas, 300 shows e mais de 507 horas de experiência. 

As parcerias? Muitas! Stands do Globo Play, Tim, Itaú, TikTok, Coca-Cola, Doritos, Latam, Kit Kat, iFood, entre outros, decoraram o Parque Olímpico com cores e vida. E para mostrar que o Rock In Rio é um festival de números, esta edição foi recorde de turistas no Rio. Foram mais de 420 mil pessoas de outros estados do Brasil e uma estimativa de 10 mil de fora do país. 

O Rock In Rio é um festival que impacta diretamente na economia da cidade. É, ainda, patrimônio cultural imaterial do Rio de Janeiro que expande toda nossa brasilidade para o mundo. Que as próximas edições continue com ​​toda a energia e alto astral, pois o evento além de trazer grandes espetáculos para o Brasil, dá um show como festival de experiências!  

 

Por Ana Clara Souza 

Terminei de ler minha primeira revista Vogue, talvez, a minha primeira revista. Isso porque não me recordo de ler do início ao fim nenhuma revista se quer. Lembro que com uns nove anos eu pedi minha mãe para assinar a revista teen Atrevidinha, e recebia todos os meses, durante o período de um ano, capas com famosos do mundo pré-adolescente, como Justin Bieber (primeira revista que recebi), glee (a primeira série que assisti, onde eram abordados vários conflitos interessantes, e falava de arte), e também, capas de pessoas que nunca tinha visto ou ouvido falar. 

Estudava em uma escola particular, e não sabia de muita coisa que o meu ciclo comentava porque não tinha SKY, a TV a cabo de sucesso na época, que ditava as tendências norte-americanas, e por isso, muitas das capas eu ficava sem entender.  

“Você recebe as revistas e não lê tudo?”, disseram. Exatamente! Eu pulava para a parte dos joguinhos, como “descubra se ele está na sua”, “você é mais Emo ou mais paty”; e claro, como seria o meu mês de acordo com a previsão de alguma redatora. 

Eu sempre olhava os títulos das reportagens e só. Se não me engano, a única que li foi a do Justin, pois o universo há de nos unir algum dia e achei importante ler sobre ele falando que a mãe dele cozinha mal (risos). Agora me questiono de onde veio a vontade de ler uma Vogue? É um pouco longo, mas o desejo surgiu ouvindo um podcast, e se consolidou nos relatórios sobre a semana da moda no meu estágio. 

A experiência, meus amores? Simplesmente incrível! Desde a capa, nada mais e nada menos que Anitta comemorando os 47 anos da revista mais importantes do mundo, até o final, com editoriais lindos no decorrer das páginas. 

O intuito era experimentar, mas como graduanda de Jornalismo, eu me fascinei com as matérias, artigos de opinião e descobertas. A primeira vez é sempre estranha. Estranhamente boa ou ruim, e a primeira vez lendo uma Vogue, uma revista completa, foi memorável. 

O conselho que deixo é, se entregue e se permita pelas primeiras vezes. Porque certamente será incrível, assim como a minha experiência. 

Por Ney Felipe

Hoje, 22 de agosto, é comemorado o Dia do Folclore. No trajeto casa/trabalho, vim observando escolas, crianças, pais e me perguntando: será que ainda comemoram o Dia do Folclore?

Ao chegar no trabalho, conversa vai, conversa vem, Keven (técnico do laboratório de Jornalismo) e eu, relembramos os tempos de crianças. Uma data como esta, estaríamos com rosto pintado, talvez uma touca vermelha, coroa de fogo e por aí vai. Tudo isto, para simbolizar Cuca, Saci, Mula Sem Cabeça e outros vários que pertencem ao nosso folclore.

Em meio a nostalgia, bate uma certa tristeza. Sinto um pouco da nossa história se perder. Para vários povos, o Folclore é importantíssimo. Mas, se nossas escolas não tocarem neste assunto, cedo ou tarde, essa história irá se perder. 

Mas, nem tudo está perdido. O nosso Folclore sobrevive nas regiões norte e nordeste. Por lá, nossa cultura ainda é bem forte neste aspecto. Para se ter um exemplo, logo que cheguei, ainda conversando com o Keven, por curiosidade, fui pesquisar no Google e logo de cara, já tive retorno da pesquisa citando sempre estados do norte do país, festas no nordeste, a importância por lá. 

Por isso, respondendo ao título, pode-se concluir que ainda há Folclore no nosso país. Ainda tem lugares que tratam com a devida importância estas histórias que ajudaram a criar a cultura de um país. Sim, isso mesmo, de um país. Quem não se lembra de Monteiro Lobato e suas histórias no Sítio do Pica-pau Amarelo. 

Nestes grandes textos, vários personagens do nosso Folclore passaram a ganhar vida. O próprio texto ganhou vida e no final chegou até a TV. Por isso, motive os nossos pequenos a ler. Motive as nossas crianças a procurarem mais da nossa história. Assim, não só nosso Folclore, mas nossa cultura irá se perdurar por anos e anos.   

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Por Keven Souza

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Dom., 13 de março (9:40am)

Bom dia, amiga! Ainda estou de ressaca, mas passei para agradecer o nosso encontro de ontem, foi sensacional, como sempre, estar ao seu lado em um momento ímpar da sua vida. 

Somos amigos há quantos anos? 3, 4, 5 anos? São tantos que nem me lembro! Você é praticamente minha irmã, uma parceria mútua de vida e ver você se noivando é algo surreal pra mim. Estou feliz, claro! Afinal, vivíamos falando sobre nossos sonhos sentados naquela cadeira azul do fundamental, totalmente imersos nos anseios de adolescentes ainda em fase de crescimento. 

Quero te falar que ao longo desses anos, de certa forma, sempre senti que a palavra casamento estava entrelaçada em suas falas. Você não percebia, mas eu sim. Ser noiva, ter um esposo, construir uma família, sempre foi o seu sonho. E isso é incrível! Torci e torço por você. Mas preciso te dizer amiga, ontem eu me senti ferido. 

Dom., 13 de março (11:37am)

Acabei pegando no sono, desculpa, domingo é assim! Continuando, eu quis estar ali, na sala, bem pertinho, para comemorar a sua união com a pessoa que você escolheu para passar os dias da sua vida, eu quis! Mas irei abrir meu coração: você é uma pessoa privilegiada. 

Digo não de modo ignorante ou ruim, até porque ter privilégios é sempre bom e quem não gostaria de usufruir de um, não mesmo? Mas, falo de modo bom. Talvez você não tenha parado para pensar ou refletido que você não precisou se justificar diante de muitos, uma decisão que você tomou e que corria na suas veias desde jovem, que é se casar. E se casar com a pessoa que escolheu. 

Amiga, sua família estava toda com você.  Sua mãe, seu pai, seu tio, sua priminha e até a sua vó que é de lá do Nordeste veio te prestigiar. 

E é aí que está o ‘X’ da questão, porque dificilmente irei vivenciar esse momento de felicidade mútua com minha família. Essa não é a minha realidade, e não estou sendo radical, somente verdadeiro e coerente com minha história.

Casar nunca foi o meu sonho, você sabe, mas ontem me questionei se houvesse essa vontade despertada em mim, se teria o apoio da minha família como a de seus parentes, que partilhavam da sua felicidade e torciam para que você encontrasse uma pessoa que te amasse. Minha família nunca faria isso, entende?

Sentado, na sua sala, me senti um peixe fora d’água. Porque dificilmente poderei reunir as pessoas que são meu sangue sem ter, que ao menos, me justificar por escolher amar um homem. 

Não terei um banquete feito por minhas avós para celebrar a união com meu amado, não terei! Talvez eu sempre soubesse disso, mas ao observar o brilho nos olhos de sua mãe, de ver sua pequena dando largos passos rumo a vida adulta, me fez cair na real: o terror do gay não vem só da rua, de apanhar ou sofrer homofobia, ele se faz presente também na mesa que nunca será montada caso ele sonhe um dia se casar. 

Por isso, te digo para ser ao máximo feliz! Para aproveitar cada segundo ao lado do seu marido nesses próximos anos.  Para lembrar de mandar mensagem sempre que possível para sua família, porque se ontem pôde celebrar e até mesmo estar, sem ao menos sentir julgada, ao lado do seu noivo é graças ao amor e ao companheirismo deles. 

No mais, eu te amo muito e desejo que sejam felizes até enquanto durar. Enfim, falei demais e preciso fazer meu almoço. Até logo, beijos e ótimo domingo, amiga! 

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Por Bianca Morais

Quinta-feira, dia 20 de janeiro de 2022. 

Depois de quase dois anos de Covid-19 o mundo agora começa a receber a terceira dose da vacina e finalmente chega minha vez, duas doses de Astrazeneca e agora Pfizer, me sinto preenchida e protegida, ah que maravilha!

Sexta-feira, dia 21 de janeiro de 2022.

Já cheguei até essa altura de uma das piores pandemias mundiais, com vinte exames de Covid e nunca tive, sabia que depois de tanta má sorte na vida eu estava sendo beneficiada pelo universo e saindo ilesa.

Sábado, dia 22 de janeiro de 2022.

Pelo meu olhar de bartender nas horas vagas, vejo jovens entrando e saindo do bar, rodada dupla de caipirinha? Só se for agora. Que bom ver as pessoas finalmente poderem se divertir e encontrar seus amigos em um sábado a noite sem medo de ser feliz, depois de meses isolados em casa, amém segunda dose, a terceira já chega para vocês também.

Domingo, dia 23 de janeiro de 2022.

Trabalhadora sim, filha de Deus também, depois de meses ralando sem uma folga mereço um pagodinho com a minha turma. Já tenho três doses, não tem como dar errado. Cerveja gelada e samba no pé. 

Segunda-feira, dia 24 de janeiro de 2022.

Acordar de ressaca, quanto tempo não tenho essa sensação. Banho gelado, porque a semana acabou de começar e não tem tempo para corpo mole.

Terça-feira, dia 25 de janeiro de 2022. 

Nossa mas que ressaca ferrada, segundo dia acordando com corpo ruim.

Quarta-feira, dia 26 de janeiro de 2022. 

Dor de garganta e febre alta, estranho.

Quinta-feira, dia 27 de janeiro de 2022. 

120 reais, parcela de duas vezes, por favor.

Positivo para Covid. Vacina você prometeu.

Sexta-feira, dia 28 de janeiro de 2022. 

Isolada, chateada, acabada, desolada.

Sábado, dia 29 de janeiro de 2022. 

Sem trabalho, sem rolê, sem nada.

Domingo, dia 30 de janeiro de 2022. 

Vacina você prometeu e você cumpriu, estou positiva mas estou viva, estou com o corpo cansado, mas meus olhos estão abertos e estou assistindo minhas séries favoritas, porque eu estou viva e isso é o maior presente que eu poderia receber.

Vacina salva vidas, bora se vacinar.

Por Keven Souza

Cidade grande é foda! Sinto que acordo quando me preparo para a primeira competição do dia, a caminho do meu trabalho luto por pequenas satisfações como conseguir sentar em um metro de plástico estofado para completar a carga horária de sono que é impossível de fazer a noite, pois, chego tarde e saio cedo. Porque a cidade grande é foda!

Com muitas janelas, poucos com muito e muitos com pouco (tipo eu), com luzes batendo em frestas e diversos barulhos, observo a movimentação já dentro do ônibus. Estou estressado por estar em pé – afinal a cidade parece ter pressa – comecei a observar que faz tempo que não vejo o sol queimar minha pele e sentir o calor em meu rosto. Talvez, seja porque meu privilégio é apenas sentar em um banco de ônibus e ter o corpo bronzeado é privilégio demais para o proletariado. Deixo isso restrito para meu patrão, que me faz bater ponto às 6h da manhã para enriquecer o bucho dele, que tem pressa para que eu chegue, mas não tem pressa para chegar. 

O trânsito está caótico, dentro no ônibus um rebuliço, são vários como eu que percebem a pressa da cidade e que estão cansados demais para acompanhá-la. É notável o semblante de cansaço, a sensação é de que estou em um filme de zumbi. Cochilando em pé me esbarro em uma moça segurando uma bolsa cor vinho que ocupa grande espaço no ônibus, peço perdão, mas não sou ouvido já que a próxima parada é a sua descida, e como havia falado: a cidade tem pressa! 

Um momento de alívio, ufa! Consigo me sentar. Usufruir do conforto desse assento é o que ainda me resta, mas continuar o cochilo que completa a carga horária de sono é o que mais quero agora, porém, será impossível. 

Vejo que se aproxima da minha parada, e o meu corpo segue inexpressivo, mas tenho que tirar forças de dentro para conseguir vencer mais um dia e suportar toda pressão de cobranças do meu patrão. Essa é a realidade do trabalhador na cidade grande no dia a dia. Dormir pouco e trabalhar muito, é a mesma rotina de sempre, porque no final das contas ela tem pressa.