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Por Júlia Garcia

O carnaval, festa típica brasileira, reúne diversos foliões nas ruas. São quatro dias de celebrações, desfiles e diversão. Muitos que optam participar deste momento, se impregnam de brilhos, apetrechos e objetos carnavalescos. Fantasias também são muito usadas neste período, elas permitem que no momento do carnaval, as pessoas possam trocar de papéis, fazer alguma homenagem e até mesmo  protestar. Mas, nem todas essas fantasias são bem-vindas. Isso porque muitos reforçam estereótipos completamente racistas e apaga a luta cotidiana da população negra.  

“Mulheres negras concentram 60% dos casos de racismo e injúria racial pela internet no Brasil”

Para começar, vamos fazer um exercício básico. É provável que você já tenha visto durante os blocos de carnaval, algum rosto pintado de preto, peruca bagunçada e roupas cafonas. Lembrou de algum?! Pois então, a famosa “nega maluca”, como dizem por aí, é uma das “fantasias” mais preconceituosas que existem. Ela atrela as mulheres negras o estereótipo de raivosa, escandalosa, mal vestida e mal cuidada.

De acordo com uma pesquisa da Faculdade Baiana de Direito, Jus Brasil e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), as mulheres negras concentram 60% dos casos de racismo e injúria racial pela internet no Brasil. Mas, mesmo assim, muitos – maioria são homens cis brancos – usam de estereótipos discriminatórios para sua própria diversão.  É bizarro pensar que essa atitude racista e cruel tenha virado brincadeira, enquanto mulheres negras sofrem diariamente com o preconceito e o abandono.

Outro ponto importante a ser mencionado, é o blackface. Do inglês, black, “negro” e face, “rosto”, a prática vai muito além da pintura da pele. Foi iniciado por volta de 1830, nos Estados Unidos, em meio ao período de transição entre escravidão e abolição da escravatura. No século XIX, atores brancos pintavam os rostos de preto em espetáculos humorísticos, se comportando de forma exagerada para ilustrar comportamentos que os brancos associavam aos negros. As pessoas negras eram ridicularizadas para o entretenimento de brancos.

“Casos de racismo cresceram 67%, e os de injúria aumentaram 32,3% entre os anos de 2021 e 2022”

Segundo a 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, os casos de racismo cresceram 67%, e os de injúria aumentaram 32,3% entre os anos de 2021 e 2022. Mas porque é tão divertido pintar seu rosto branco e privilegiado, para ridicularizar pessoas que sofrem diariamente com a discriminação racial? Até hoje a população negra é usada para o divertimento dos brancos.

Em 2022 o Brasil registrou 47.508 mortes violentas intencionais, como aponta o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 76,5% dos mortos eram negros! O documento ainda afirma que  “Negros são o principal grupo vitimado pela violência independente da ocorrência registrada, e chegam a 83,1% das vítimas de intervenções policiais”. 

Curta, mas com consciência e respeito

O carnaval é um momento para celebrar e se divertir, mas também é importante se conscientizar. Quando o humor fere e reprime o outro, ele deixa de ser engraçado. Recentemente a Rede de Observatórios da Segurança divulgou que uma pessoa negra foi morta pela polícia a cada 4 horas em 2022. Mesmo com todos esses dados elevados e preocupantes, você ainda vai querer ridicularizar pessoas negras para suprir sua carência e pagar de “engraçadão”? Revise seus conceitos. Curta, mas com consciência e respeito!

Confira o quiz sobre qual fantasia você deve usar no carnaval.

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Por Pedro Soares

Doze é um número bem comum para nós, do mundo ocidental. Doze eram o número de deuses que se assentavam nas cadeiras do salão principal do Olimpo na mitologia grega. Para o cidadão médio novalimense era o número de vezes que ele precisava cortar o cabelo antes de poder ficar bonito de graça. 

Por doze vezes peguei o Nossa Senhora de Fátima no ponto de ônibus da BR, próximo a borracharia. Por doze vezes ele demorou mais do que o esperado e por doze vezes eu decidi esperar, afinal, esse ônibus é muito barato, apenas dois reais. Valeu cada espera.

Em cada uma dessas doze vezes eu subi a escada que ligava a avenida ao bairro Vila Operária, olhava a esquerda a igreja que ficava bem no início da subida, um pouco mais acima olhava para o salão de beleza que ali havia, olhava despretensiosamente uma das cabeleireiras lavando um cabelo e mais do que depressa desviava o olhar quando uma delas me olhava de volta.

Saía da escada já suando mais do que gostaria e me sentava na esquina da rua da barbearia, nesse momento me pegava pensando – se eu chegar lá ofegante assim, vão achar que eu estou passando mal? Ou vão pensar que eu estou fugindo de algo? – a conclusão no fim era sempre esperar o suor secar e a respiração voltar ao normal. 

Doze vezes seguidas entrei na barbearia e cumprimentei todo mundo, os dois barbeiros, os amigos que estavam sendo atendidos e fui direto para o banheiro e joguei uma água no rosto. Sentei na cadeira para ser atendido, respondi por doze vezes que o corte seria “o de sempre” e vez ou outra pedia para acertar a parte de cima. O famoso corte americano, um disfarçado – de cria – no pezinho do cabelo, dos lados e atrás e em cima mantém, deixava crescer pra ficar no estilo. 

Ao final de cada um dos doze cortes, após finalizar o pagamento, sempre fazia questão de tirar ele da carteira, o cartãozinho fidelidade, para minha felicidade e desespero do barbeiro, o grande dia se aproximava. O dia do corte grátis estava cada dia mais próximo e eu poderia então aproveitar do meu direito legítimo. 

E então chegou o grande dia, a minha 13º ida ao barbeiro e eu gozaria do meu corte gratuito. Assim que saí de casa o tempo fechou, olhei pra cima e vi a chuva começar a descer, pensei alto – Hoje ninguém vai estragar meu dia. Segui para o ponto de ônibus, mais uma vez ele demorou, só que dessa vez eu já esperava! Paguei os meus dois reais, desci na avenida, comecei a subir as escadas e não fiz nada diferente. 

Olhei para a igreja, encarei a cabeleireira que lavava o cabelo de uma cliente, mas dessa vez sustentei o olhar e ousei um sorriso. Saí da escada, dessa vez não sentei na esquina porque a chuva não permitia, entrei na barbearia e o barbeiro já me esperava sorridente – Hoje é por minha conta, Pedrão!  

Antes de ele me perguntar, já respondi de prontidão – Hoje é o de sempre e não vamos tirar nada em cima. Seguimos numa embalada conversa, finalizei o meu corte e diferente das últimas doze vezes, quando peguei o cartão fidelidade não foi para um novo preenchimento, mas sim para pagar usando o meu voucher.

Agradeci ao amigo barbeiro, me levantei para ir embora e ao abrir a porta para ir embora, notei que assim como eu no meu corte de cabelo, o dia voltava a estar radiante. A chuva havia cessado, sorri e passei a mão na parte de trás da cabeça sentindo a sensação de cabelo recém cortado, segui para casa feliz e realizado. 

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O preço ambiental das etapas de produção da chamada “moda rápida”

Lolly Counny

O mundo da moda é fascinante e atraente, mas, muitas vezes, ignoramos os impactos negativos do setor sobre o meio ambiente. O fenômeno do fast fashion, que, semanalmente, leva roupas baratas e acessíveis às prateleiras das lojas, está entre as principais causas do problema.

As tendências mudam com frequência, e as vestimentas tornam-se acessíveis a público cada vez mais amplos. Neste cenário, marcas de fast fashion, como Shein, Zara, H&M e Forever 21, estão sempre produzindo novas coleções a preços baixos. Tal indústria crescente, porém, apresenta um lado sombrio, com consequências devastadoras ao ecossistema.

A produção em massa é a principal característica da moda rápida. O segmento tem sido associado a um dos mais altos índices de poluição em todo o mundo,  sendo considerada a segunda indústria mais poluente do planeta. De acordo com a ONU Meio Ambiente, a indústria têxtil é responsável por cerca de 10% das emissões globais de CO2 e 20% da poluição da água do mundo. Além disso,  a produção de tecidos como o poliéster, frequentemente usado no segmento, consome quantidades significativas de energia e emite gases de efeito estufa.

Contudo, não são apenas tais emissões que preocupam. A produção de roupas baratas e descartáveis resulta em quantidades enormes de resíduos têxteis.  Estima-se que aproximadamente 92 milhões de toneladas de restos sejam gerados a cada ano, e, na sequência, acabam queimados ou descartados em  aterros sanitários, o que pode causar poluição do ar e contaminação do solo.

Além disso, a produção de algodão, matéria-prima mais usada na indústria da moda, tem grande impacto ambiental. Tal produção requer grandes quantidades de água e pesticidas, o que leva à degradação do solo e à contaminação dos recursos hídricos de muitos países em desenvolvimento.

O modelo de negócios fast fashion também incentiva o consumo excessivo e o  rápido descarte de roupas, o que acelera ainda mais a degradação ambiental. As  vestimentas são compradas, frequentemente, por impulso, e usadas apenas  algumas vezes antes de serem descartadas. Esse ciclo contínuo tem amplo impacto significativo sobre o meio ambiente. 

Trabalho escravo

O ritmo acelerado da indústria da moda, conhecida pelas coleções que mudam constantemente e pelos preços baixos, esconde uma realidade sombria: as condições precárias de trabalho para produção das roupas.

Muitas marcas de fast fashion são frequentemente criticadas pelo uso de trabalho escravo em suas cadeias de suprimentos. Em certos caso, elas produzem roupas em grande quantidade, e com preços reduzidos, ao montar base em países em desenvolvimento, onde os trabalhadores são mal pagos e  trabalham em condições perigosas.

Tais proletários são obrigados a trabalhar longas horas, com salários baixíssimos e sem garantias de segurança. Muitos são forçados a trabalhar em condições insalubres, sem acesso a água limpa ou a banheiros adequados. Além disso, há relatos de trabalho infantil nas fábricas. Crianças são forçadas a ajudar suas famílias a sobreviver, e acabam privadas de educação e oportunidades.

Embora as marcas de fast fashion se defendam, ao afirmar que não têm conhecimento do trabalho escravo nas etapas de suprimentos, muitas organizações de defesa dos direitos humanos argumentam que as empresas não fazem o suficiente para monitorar e garantir a ética de suas práticas.

No documentário Untold: dentro da máquina Shein, lançado em 2022, pela emissora britânica Channel 4, o público é conduzido à realidade reveladora das condições deploráveis enfrentadas pelos trabalhadores de uma das maiores empresas de fast fashion do mundo, queridinha dos jovens na atualidade. 

Funcionários dizem relatam trabalham 120 horas por semana, com turnos diários que começam às 8h e terminam tarde da noite, e têm apenas um dia de folga por mês. Além disso, os operários ganham apenas £500 mensais, tendo que confeccionar 500 peças diárias. E correm o risco de serem penalizados por erros na confecção, o que acarretaria desfalque no salário. 

À medida que exploramos o complexo mundo fast fashion, fica evidente que essa indústria gera profundas consequências sociais, ambientais e econômicas.  Desde a exploração de mão de obra até a produção em massa de roupas descartáveis, a busca incessante pelo lucro tem levado a um ciclo insustentável, que precisa ser repensado. 

Pequenas mudanças em nossas escolhas diárias podem ter um impacto significativo na redução do desperdício e na demanda por uma indústria de moda mais justa e ecologicamente responsável.

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Por Júlia Garcia

E nesta segunda-feira (09) foram divulgados os indicados a 30ª edição do Prêmio Multishow. Os artistas concorrem em diversas categorias e em algumas delas, podem ser votados pelo público. 

Confira a seguir as categorias – que podem ser votadas pelo público – e os indicados:

Clipe TVZ do Ano
  • Campo de Morango – Luísa Sonza
  • Conexões de Máfia – Matuê feat. Rich the Kid
  • Fé nas Malucas – IZA e MC Carol
  • Funk Rave – Anitta
  • Pilantra – Jão e Anitta
  • TÁ OK – DENNIS e Kevin O Chris
Hit do Ano
  • Chico – Luísa Sonza
  • Erro Gostoso (Ao Vivo) – Simone Mendes
  • Nosso Quadro – Ana Castela
  • Posturado e Calmo – Léo Santana
  • TÁ OK – DENNIS e Kevin O Chris
  • Zona de Perigo – Léo Santana
Show do Ano
  • BaianaSystem e Olodum com OlodumBaiana
  • BK’ com ICARUS
  • Ludmilla com Numanice (2023)
  • Ludmilla com Rock In Rio (2022)
  • Marisa Monte com Turnê Portas (2023)
  • Titãs com Turnê Titãs Encontro (2023)
Voz do Ano
  • Gloria Groove
  • IZA
  • Liniker
  • Ludmilla
  • Luísa Sonza
  • Marina Sena
Categoria Brasil
  • Centro Oeste – DISTRITO FEDERAL – Banda Rock Beats – Eu Só Quero Ficar Só
  • Centro Oeste – GOIÁS – Kamisa 10 – Lance Livre
  • Centro Oeste – MATO GROSSO – Karola Nunes – Botânica
  • Centro Oeste – MATO GROSSO DO SUL – SoulRa – Trapnojo (feat Theo TWK)
  • Nordeste – ALAGOAS – Bruno Berle – Quero Dizer
  • Nordeste – BAHIA – Josyara – Não Tem Lua (feat Juliana Linhares)
  • Nordeste – CEARÁ – Mateus Fazeno Rock – Pode Ser Easy (feat Mumutante)
  • Nordeste – MARANHÃO – Iuna Falcão – Silêncio
  • Nordeste – PARAÍBA – Bixarte – Pitbull Sem Coleira (feat Urias)
  • Nordeste – PERNAMBUCO – Joyce Alane (feat João Gomes) – Idiota Raiz
  • Nordeste – Piauí – Getúlio Abelha – Voguebike
  • Nordeste – RIO GRANDE DO NORTE – Tanda Macêdo – Nossa Rotina
  • Nordeste – SERGIPE – Tori – Descesse (feat Bruno Berle)
  • Norte – ACRE – Brunno Damasceno – Consciência de Classe
  • Norte – AMAPÁ – Ariel Moura – Língua Intrusa
  • Norte – AMAZONAS – Karen Francis – Cardume
  • Norte – PARÁ – Luê – Preamar
  • Norte – RONDÔNIA – Gabriê – Magia Leonina
  • Norte – RORAIMA – Marília Tavares – Me Dói Imaginar
  • Norte – TOCANTINS – Pedro Libe – O Copo Não Mente (feat com Hugo e Guilherme)
  • Sudeste – ESPÍRITO SANTO – Dudu – Mensagem (feat MC Menor, Kailê)
  • Sudeste – MINAS GERAIS – Rayane & Rafaela – Ali Te Ama (feat Henrique & Juliano)
  • Sudeste – RIO DE JANEIRO – Os Garotin – Zero A Cem
  • Sudeste – SÃO PAULO – Kaique e Felipe – Minha Pessoa (feat com Luan Santana)
  • Sul – PARANÁ – Vicka – Romântica Demais
  • Sul – RIO GRANDE DO SUL – Cristal – Kawo
  • Sul – Santa Catarina – Isa Buzzi – Direitos Autorais
Agora que você já sabe as categorias e indicados, pode votar quantas vezes quiser no seus artistas favoritos, através do Gshow. Ah, e por lá você também consegue visualizar as outras categorias e indicações

Prêmio Multishow 2023

A 30ª edição do Prêmio Multishow será conduzida por Ludmilla, Tata Werneck e Tadeu Schmidt. O evento trará o conceito “A música mexe com o Brasil”, para destacar a influência transformadora da cultura brasileira.

A premiação reunirá diversos artistas e estilos musicais e ocorrerá no dia 7 de novembro.

 
 

 

Por Mateus Schiestl

O nono mês do ano representa um marco muito importante para a sociedade brasileira: a independência. Um tempo de patriotismo em que indivíduos de todo o país vão às ruas acompanhados de faixas, marchas e fanfarras, celebrar a tão aclamada liberdade e independência do Brasil, conquistada por D. Pedro I, em 1922, às margens do Rio Ipiranga.

Além da independência 

Paralelo a este atributo nacional, no mês de setembro, temos outras causas valiosas e simbólicas, para também vestirmos a camisa e ir às ruas. Jamais podemos nos esquecer que, infelizmente, enquanto muitas pessoas salteiam a liberdade, outras permanecem presas em suas próprias mentes. 

Setembro é um mês que não apenas representa o lembrete e a conscientização ao suicídio, mas, um convite ao combate desta e outras causas importantes, como por exemplo, o Setembro Verde (mês da visibilidade e luta pelos direitos de pessoas com deficiência). 

O significado da palavra combate, é luta entre grupos e pessoas. O alerta se estende para além do mês amarelo e precisamos lutar contra o suicídio nos 365 dias do ano. Uma das formas de tirar essa chamada do calendário, é partir ao acometimento, diálogo e a atenção aos sinais de pessoas que apresentam qualquer tipo de suspeito sinal ao descaso da vida. 

Foto: Aliança Explica.
Caso Mike

Essa, lamentavelmente, não foi a oportunidade que uma família de Westminster, no Colorado, Estados Unidos teve. Mike, um adolescente de apenas 17 anos, era conhecido por ser carinhoso e ter habilidade com a mecânica. Além disso, ele tinha como marca, um Mustang, 1968, amarelo, restaurado e pintado por ele mesmo. Mike era um jovem comum, mas possuía uma sujeição oculta dentro de si, a respeito da sua própria existência. 

No ano de 1994, Mike cometeu suicídio. Não houve tempo hábil ao diálogo entre a família, amigos ou quaisquer observadores passivos que pudessem espreitar qualquer sinal suicida. Foi muito rápido, tarde e sem chances.

No funeral, as pessoas mais próximas à vítima, decidiram montar uma cesta de cartões e fitas amarelas com os seguintes dizeres: “Se precisar, peça ajuda”. A atitude teve tanto êxito, que a partir disso, muitos jovens com o mesmo pensamento, passaram a utilizar cartões amarelos como forma para pedir ajuda às pessoas do entorno. A trágica história de Mike virou um símbolo. 

Casos no Brasil

Dados informam que, a cada dia, 38 pessoas tiram a própria vida no Brasil. Desde 2015, o país tem adotado apoio a esta causa, conscientizando os cidadãos sobre o suicídio, bem como evitar o seu acontecimento. Uma falha na observação dos sinais, pode comprometer o futuro de alguém.

Que neste mês de setembro e sempre, a luz volte a resplandecer nos pensamentos de quaisquer pessoas que cogitem a possibilidade de suicídio, como um escape da dor. Que sabiamente, parentes, amigos e colegas sejam auxiliares e portadores de conselho, suporte e encaminhamento à assistência psicológica e psiquiátrica. Que a história de Mike não se repita, mas reflita, e torne este símbolo uma realidade materializada na expressão de guerrilheiros e combatentes prontos a estar na linha de frente desta causa tão genuína e necessária. 

Foto: Aliança Explica.
Independência com consciência

Por fim, que o Brasil e o mundo vibre, todos os dias do ano, e, aos quatro ventos: liberdade às nações, à cultura, à paz, à independência. Mas, principalmente: às mentes, às dores, à depressão, à ansiedade, ao luto, e, acima de tudo, que haja restauração aos corações desesperançosos. 

Altruísmo, piedade e solidariedade à vida, que em nossa independência e liberdade, jamais existam pendências em relação àqueles que necessitam de amparo e mãos estendidas. 

Lembrete

Observe frequentemente as pessoas à sua volta. Ofereça ajuda, peça ajuda, seja inspirado e inspire. 

Se precisar de auxílio: disque 188. 

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Foto/Divulgação: adobe stock/Educa Mais Brasil.

Por Jaqueline Dias

Manter-se até o fim da graduação hoje em dia é um desafio diário. Não só nas questões de saúde mental, mas principalmente na financeira. Além de ter que se preocupar com as mensalidades do curso, existem os gastos “diários” como transporte; lanches/almoço/comidas; xerox, entre outros. 

Existem estudantes que precisam sair da sua cidade por morar longe e não contar com a ajuda de um familiar ou amigo, essa conta aumenta ainda mais com aluguel, contas de água, condomínio e etc. Sem contar a internet, principalmente depois da pandemia, onde aulas online em algumas instituições são uma prática bem comum, e claro, como nem só de estudos vive o universitário, existem as contas dos momentos de lazer.

Nessa reportagem, iremos entrevistar o aluno de Direito da PUC Minas, Igor de Oliveira, para entender melhor como ele faz para ter controle do seu financeiro, qual forma de ingresso na faculdade ele optou, como ele faz para gerir o dinheiro entre faculdade, gastos pessoais e se de alguma forma sobra para ele guardar um troco e o que ele acha do valor da mensalidade, valor oferecido em estágios e a sua expectativa de remuneração futura.

“Sempre tenho que cogitar o quanto estou gastando e o quanto gastarei para conseguir ter um controle das despesas. Isso inclui a passagem do ônibus, alimentação, vestimenta (muito porque a área do Direito exige certo formalismo), lazer (livros, jogos etc) e contas em geral.”

Igor Oliveira. Foto: arquivo pessoal.

1 – Qual foi a melhor forma de ingressar na faculdade? Por que você optou por essa modalidade de financiamento?

R: No Brasil, felizmente, existem diversas formas de ingressar no ensino superior, graças às políticas sociais introduzidas nos últimos 20 anos. Sabendo disto, cogitei entrar na Federal, mas pela deficiência do ensino médio e extrema dificuldade que empregam no ENEM, não obtive êxito em minhas duas tentativas. Posteriormente, soube que a PUC Minas tinha ‘bolsas sociais’ que continham o limite de 50% do valor da mensalidade e, após conversar com minha mãe, prestei o vestibular e consegui a bolsa integral (50%) para o curso de Direito. Optei pela bolsa porque não conseguiria pagar a mensalidade do curso em sua integralidade, muito menos com a ajuda de familiares, uma vez que todos passam por dificuldades comuns a todos os cidadãos nos últimos 6 anos. 

2 – A PUC é uma das maiores faculdades, não só do estado, e em consequência ela é cara. Além disso, o curso que você faz é por si só caro, como você conseguiu um bom financiamento? Foi apenas pela nota do vestibular? Ou a renda familiar também foi um fator?

R: Após a prova de vestibular, submeteram-me a uma entrevista para checarem se me adequa ao ‘tipo’ de pessoa que devia receber o auxílio de 50%. Não somente a nota foi um fator importante, porém expus as dificuldades que minha família estava enfrentando, principalmente financeiras. A partir da análise, consegui a bolsa totalmente. Depois de alguns anos cursando Direito, um amigo próximo, Eustáquio, em suporte com a Província Agostiniana Nossa Senhora da Consolação do Brasil, sabendo de minha dificuldade financeira mesmo com a bolsa, ofereceu-me um auxílio por um ano; aceitei, por óbvio. Com esse auxílio e a bolsa, ainda tenho que pagar um certo valor, porém ínfimo. Isso revela o quão caro é o ensino no Brasil. 

3 – Quais as dificuldades financeiras que você encontrou nessa jornada até aqui? 

R: Às dificuldades, acredito que são as mesmas que muitos jovens enfrentam diariamente. Sempre tenho que cogitar o quanto estou gastando e o quanto gastarei para conseguir ter um controle das despesas. Isso inclui a passagem de ônibus, alimentação, vestimenta (muito porque a área do Direito exige certo formalismo), lazer (livros, jogos etc) e contas em geral. Então, sempre tento gastar o mínimo e o necessário para poder ter o controle de todas essas especificidades que mencionei.

4 – E estágio? A gente entende que alguns cursos têm exigências grandes para conseguir um bom estágio. Você teve que passar a procurar desde cedo? Ou de certa forma morar com os pais te deu um alívio para poder procurar com mais calma?

R: Sempre me preocupei em ajudar financeiramente em casa, contudo, infelizmente, os estágios na área do Direito são exigentes e eu não tinha, à época, sequer vestimenta para me apresentar nesses ambientes. Então, logo no 4° período, consegui meu primeiro estágio na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e com o pouco que ganhava, construí o básico para procurar um estágio que remunera melhor e ainda ajudar em casa, incluindo o pagamento do restante da ‘bolsa’. Lembrando sempre que tinha de guardar para a tarifa do ônibus. Em relação à alimentação, levava e ainda levo comida feita em casa, voltando a comer apenas quando retorno da faculdade, à noite, também em casa.

5 – Você hoje faz estágio no TRT-3ª região, como você, como estudante, enxerga esse salário que você recebe? Atende bem as suas necessidades?

R: É melhor que o anterior, sem dúvidas. Todavia, não atende completamente às necessidades porque não conseguiria pagar o curso sozinho e ainda manter todas as coisas acessórias que decorrem da vida de um universitário ou sequer ter lazer (que acredito que seja o mínimo). Diria que o salário, para uma jornada de 4 horas, é justo. Agradeço sempre porque sei que existem estágios com as mesmas condições, ou com jornada superior, que pagam menos que R$ 800,00 mensais.

6 – O que você acha do salário recebido hoje pelos estagiários? Acha um valor “justo”? Ou é muito pouco mesmo para quem está começando?

R: Não existe um controle para os salários dos estagiários, pois a lei dos estagiários é omissa neste ponto. Aliás, poucos sabem, mas a remuneração de estagiários não é obrigatória, podem, na verdade, serem pagos com os chamados salários in natura, isto é, livros, cursos, etc, ou sequer serem pagos. Por esse motivo e devido a vários outros fatores externos que são recorrentes no Brasil, os estagiários recebem pouco, longe de ser ‘justo’.

7 – Como você consegue economizar? Você tem lazeres ou outros tipos de gastos? Explica como você gere o seu dinheiro entre faculdade, gastos pessoais, lazeres, contas e etc.

R: Como dito anteriormente, faço o controle de quanto gasto e os gastos no mês seguinte, com tudo incluso, seja com as contas, o lazer (mesmo que não compre coisas todos os meses, pois acho desnecessário) e tarifas de ônibus. Algo diferente que faço desde o primeiro salário é guardar 20% do montante que recebo, não o utilizando para nada, apenas emergências, mas não é algo que acontece com facilidade. Além das emergências, esse valor, hoje significativo, traz uma tranquilidade enorme porque posso usá-lo como bem entender. E algo óbvio, não gasto todo o meu salário, ou seja, tenho dois montantes que vieram da forma como manejo os valores que recebo.

8 – Para finalizar, qual a sua expectativa de remuneração no futuro? O que você espera saindo da faculdade e de certa forma passando esse “sufoco” financeiro? Na sua visão de futuro, acha que isso vai ter retornos significativos?

R: Ao sair da faculdade, espero receber o correspondente ao mercado atuando como advogado, mesmo que seja um início ínfimo, mas melhor que a remuneração de estagiário, progredindo e recebendo cada vez mais (apenas em um futuro próximo). Ao passar do tempo, pretendo ocupar o cargo de Juiz de Direito não me preocupando com tudo que passo atualmente e ajudando minha família, sem pensar se terei dinheiro no dia seguinte, sendo além de significativo, na minha opinião. E não deixarei de economizar mesmo recebendo valores maiores, pois acredito que seja uma questão de responsabilidade financeira com minha pessoa e àqueles à minha volta.

Claro que cada caso é um caso. Universitários têm vivências financeiras diferentes, cada curso é específico em tempo até ter oportunidades em estágios, mas sempre é possível ter uma sobra para as obrigações da vida universitária, da vida de jovem adulto e ainda ter uma “sobra” para guardar e ter um lazer, até porque, nem só de estudo e estágio vive um universitário.